A Semana do Comer acontece de 09 a 15 de agosto. Qualquer pessoa pode participar, desenvolvendo ações simples relacionadas ao tema “Descobrindo sabores e saberes”, seja em casa, nas escolas ou quaisquer outros espaços. É só misturar criatividade, colocar uma pitada de afeto e untar com novas descobertas relacionadas ao hábito do comer. Ao final, registre sua atividade com fotos e vídeos e marque a Aliança pela Infância nas redes sociais, com a hashtag #semanadocomer. Leia mais sobre o tema:
Comer é um ato multissensorial e multidimensional. Costumamos dizer que pelo brincar – linguagem máxima da criança – é possível experimentar e explorar o mundo e definir as maneiras de se relacionar com tudo que está à volta. O comer é, então, importante para a infância plena e digna, pois apresenta maneiras de experimentar sabores, texturas, sensorialidade, hábitos e culturas.
Comer é uma maneira de descobrir o mundo na infância. É uma forma de explorar os muitos sabores e texturas que os alimentos podem ter de acordo com diferentes preparos, temperos, expressões e formas de expressar afeto das tantas pessoas que os prepararam.
É também uma possibilidade de descobrir a si mesmo. Descobrir como é o seu paladar, como o seu corpo se comporta ao saborear e digerir diferentes alimentos, quais preparos caem melhor para você. De ampliar o repertório que influencia a construção da definição dos gostos.
E quando olhamos como a escolha do alimento impacta todo um sistema econômico e social entendemos que essa escolha feita com consciência contribui para a descoberta da diversidade de realidades que estão vinculadas à produção de alimentos. Que mundos estamos revelando para as crianças a partir das escolhas alimentares que fazemos para elas, a partir de como escolhemos os preparos, de onde compramos os alimentos, de quais caminhos esses alimentos fizeram para chegar ao prato?
Para a criança, é valiosa a descoberta dos saberes da natureza, do cultivo e da origem dos alimentos, da ruralidade, da soberania alimentar e dos caminhos que o alimento faz da terra ao prato.
Quando falamos em descobrir o mundo, temos que ter em mente que coisas ruins podem ser descobertas também. E que mundo a gente quer que as crianças conheçam pelo comer? Como podemos fomentar práticas de alimentação para que as crianças explorem, experimentem, incorporem e habitem o que existe de positivo nesse mundo de forma a estarem nele com toda a sua potência para imaginar e criar novos mundos possíveis?
Descobrindo em casa e nas escolas
Se a escola é um lugar de fomento de experiências, de transmissão de conhecimento, de compartilhamento de saberes, de explorar relações, a alimentação escolar pode ter um papel importante nessa descoberta do mundo. As pessoas que estão programando os cardápios, selecionando os alimentos, e atuando em seu preparo tem papel de educadores pois estão apresentando realidades, mundos, sabores, possibilidades. É importante que todos os adultos envolvidos nesse ciclo da alimentação escolar – desde a definição das políticas públicas até o preparo do alimento, e até na comunidade de familiares que participam da vida escolar – tenham esse olhar para tudo que envolve o momento do comer na escola para que essa potência não seja perdida.
E de quais maneiras o comer pode se tornar currículo escolar? Na humanização do momento das refeições, no cuidado estético com a preparação do espaço, na valorização do repertório e dos saberes da equipe de cozinha, nos projetos pedagógicos que podem envolver de aulas de culinária e rodas de conversa sobre comida e cultura, a um trabalho com hortas – e que sonho possível quando essas hortas podem abastecer a cozinha!
Existem também aspectos culturais e de hábitos para serem descobertos. A maneira como minha família come pode ser diferente da maneira como minha vizinhança come, e pode ser muito diferente da maneira como uma família do outro lado desse grande Brasil come. Que saberes podem ser revelados nas muitas maneiras de comer? Há muitos Brasis para serem descobertos e o comer tem potencial para revelar a diversidade e fomentar a tolerância.
E dentro desses aspectos culturais, há as festas populares que se relacionam à colheita e a produção de alimento. As festas juninas, por exemplo, tão populares tem sua origem na celebração das colheitas. E mesmo que muito desse significado tenha se perdido, há as comidas típicas dessa época. E em muitos pequenos lugares do Brasil ainda se encontram festividades ligadas ao alimento, como a festa da tainha no litoral de São Paulo (posso pesquisar outros exemplos se precisar).
Quando não há escolha
No Brasil de 2021, de volta ao mapa da fome e atravessando uma pandemia que agravou a crise econômica e social, temos que falar também das crianças que não têm o que comer. Pensamos em quem precisou mudar hábitos alimentares e descobrir novas maneiras de comer pela falta de acesso ao alimento. Pensamos também em quem não tem nem o arroz e feijão no prato. Em mais de 70 por cento dos lares afetados pela insegurança alimentar no momento, há crianças de até 4 anos vivendo. Precisamos falar nas muitas oportunidades de descobrir o mundo que essas e tantas outras crianças estão perdendo, na falta de alimentação básica para nutrir o corpo e poder estar no mundo vivendo sua infância plena e digna, com toda a potência da infância.
Natureza e origem dos alimentos
As crianças precisam estabelecer viva ligação com a Terra que possam se desenvolver. Conhecer de onde vêm os alimentos é uma das formas da criança de estabelecer conexões com a natureza.
Segurança Alimentar
As crianças têm o direito de ser protegidas da violência e da fome. A segurança alimentar é uma condição essencial para que possam viver com dignidade
Hábitos alimentares e diversidades cultural
As crianças precisam de tempo para observar. A alimentação é uma ótima oportunidade para que conheçam outras culturas e formas de se alimentar, além do universo cultural em que estão inseridas.
Cultura popular e festividades
Infância é o tempo de festejar com risos e alegrias. Onde há festa popular, há comidas características. É importante para o desenvolvimento da criança construir memórias afetivas positivas relacionadas aos lugares onde vive ou onde vivem as pessoas que as sustentam com seus vínculos.
Alimentação escolar
As crianças têm o direito de receber alimentação equilibrada em todos os espaços em que participam cotidianamente, principalmente na família e na escola. A alimentação pode ser também oportunidade para que vivenciem momentos de carinho e amabilidade, tão necessários ao seu desenvolvimento.
A participação na Semana do Comer é livre e aberta. Qualquer pessoa pode participar, desenvolvendo ações simples relacionadas ao tema Descobrindo sabores e saberes, seja em casa, nas escolas, nas redes sociais, ou quaisquer outros espaços. É só misturar criatividade, colocar uma pitada de afeto e untar com novas descobertas relacionadas ao comer para descobrir o mundo na infância.
É importante que o acesso seja gratuito, e não é necessário validar com a Aliança pela Infância: basta fazer!
Para que a gente possa conhecer o que você fez e dar voz para a sua participação, use a hashtag #semanadocomer em todas as postagens sobre a sua ação nas redes sociais. E marque também a @aliancapelainfancia! .
Apresentamos abaixo algumas sugestões, mas sinta-se livre para imaginar e realizar novas ideias.