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Movimentação corporal é destaque na programação do Ensino Fundamental na Semana Mundial do Brincar 2018

27 de junho de 2018

Além da Educação Infantil, que participou em peso da Semana Mundial do Brincar (SMB), as crianças do Ensino Fundamental também puderam vivenciar o brincar livre, o resgate de jogos da época dos pais e mães e atividades que proporcionaram novas vivências.

Assim como aconteceu com os mais novos, as ações se espalharam por todo o Brasil. Na realização dessa matéria, a Aliança pela Infância entrou em contato com várias marcas de oralidade e inúmeros sotaques, como gaúcho, mineiro, do interior de São Paulo, entre outros.

As entrevistas tiveram vários pontos em comum. Um deles foi o uso do Guia disponibilizado no site da Aliança para orientar a discussão e estreitar a relação das atividades com o tema da Semana Mundial do Brincar 2018: o brincar de Corpo e Alma. Sendo assim, muitas educadoras, coordenadoras, diretoras e professoras propuseram brincadeiras que aliassem a diversão e a movimentação corporal. 

Esse foi o caso das ações desenvolvidas na EMEB Índio Poti, localizada em Araçatuba, no interior do estado de São Paulo. Taísa Gargantini Pace, professora de Educação Física, foi a responsável pela organização da SMB na EMEB, que contou com circuitos de movimento e atividades lúdicas para crianças do Ensino Fundamental I.

“Com a minha supervisão, a Semana Mundial do Brincar já acontece há cinco anos na escola. Para mim, essa semana é muito mais importante do que a semana da criança, realizada em outubro, já que essa é uma data comercial. A SMB tem uma conotação diferente, de realmente levar a brincadeira, o lúdico, o desenvolvimento físico motor para dentro da escola”, explica Taísa. 

Segundo a professora, a ideia foi resgatar brincadeiras que, antigamente, eram realizadas na rua, para que as crianças pudessem vivenciar formas alternativas de atividades, fugindo um pouco da tecnologia. Os circuitos montados incluíram encaçapar bolinhas de tênis em garrafas PET cortadas, brincadeiras com cordas, boliche de garrafa, pé na lata, entre outras.

“Eu aproveitei a rampa de acesso da escola e fiz uma teia de aranha: amarrei vários elásticos e as crianças tinham que passar por dentro. Foram brincadeiras diversas, e todos participaram, independente de classificar como brincadeira de menino ou de menina”. Além disso, Taísa destaca que esse reaproveitamento de materiais, além de ser uma alternativa à compra de brinquedos, possibilita que os estudantes reproduzam as atividades em casa.

 

Uso de brinquedos não estruturados

Seguindo a linha de Araçatuba, um coletivo da cidade de São Paulo também apostou no uso de brinquedos não estruturados durante a Semana Mundial do Brincar, de forma a possibilitar que as crianças colocassem a imaginação para funcionar e criassem suas próprias possibilidades de brincadeiras.

Raíssa Persiani de Campos, membro do coletivo “Aqui que a gente brinca”, conta que desde o ano passado, o grupo já realiza ações na EMEF Dr. Sócrates Brasileiro, localizada na Zona Sul de São Paulo. Em 2018, foi a vez de levar a SMB para a escola, proporcionando que os alunos pudessem brincar com corda, bambolê, bola e tecidos.

“Nós confeccionamos os bambolês com os alunos do fundamental 2. Mas, com o fundamental I, disponibilizamos materiais e eles escolhiam do que queriam brincar. A maioria não sabia como jogar pião, por exemplo, então nós explicamos e mostramos como fazia. Também foi bem interessante ver que o tecido, por exemplo, é um material que não sugere uma brincadeira pronta, mas as crianças brincaram muito, seja de amarrar no corpo ou fazer cabaninha”, explica Raíssa.

 

Brincadeira e desenvolvimento humano

Já no Colégio Franciscano Santo Inácio, localizado em Baependi, município de Minas Gerais, as brincadeiras foram acompanhadas de aprendizados sobre relacionamentos interpessoais e estímulo à sociabilidade dos estudantes.

Bethania Rezende, coordenadora da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I, explica que o Plano Virtudes, projeto do colégio que estimula o desenvolvimento de habilidades que tornam o convívio mais saudável, esteve presente em diversos momentos durante a SMB. “Na hora da brincadeira, quando todos estão ao ar livre, é mais propício acontecerem situações que requerem coragem, generosidade, tolerância e paciência”. 

A escola já participa há três anos da Semana Mundial do Brincar, sempre com a proposta de tirar os alunos da sala de aula, realizar brincadeiras, atividades folclóricas, ações entre turmas, nas quais os mais velhos podem ensinar e aprender com os mais novos, entre outras. “É um movimento para garantir que a criança tenha esse tempo de brincar na escola. Eu vejo que elas brincam com mais entusiasmo ao ar livre. Mas sei que fora daqui, passam horas no YouTube, por exemplo”.

A mobilização começou a partir do encaminhamento do guia sobre a SMB para as professoras de cada turma, que ficaram responsáveis por montar uma atividade para cada dia da semana, de acordo com as necessidades do seu grupo de alunos. Houve atividades com cantigas de roda, resgate de brincadeiras tradicionais, ações em grupo e também uso de brinquedos não estruturados. “As crianças brincaram muito com tecido. As caixas de papelão são unanimidade na Educação Infantil. Sobre as músicas, eu sempre converso com a professora de música e peço para não deixar de ensinar as cantigas tradicionais, para manter essa chama acesa dentro da escola”.

Para a coordenadora, a SMB é uma oportunidade de chamar a atenção dos educadores e dos familiares para a importância do brincar, que já está na proposta curricular da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. “Aqui na escola, valorizamos muito o tempo de recreio. Temos um espaço com peteca, bambolê, bola de meia, elástico. Então em qualquer dia do ano, há crianças brincando no intervalo. O brincar já acontece normalmente, mas na Semana Mundial, chamamos a atenção das famílias, para entenderem e valorizarem a ação. É um movimento de todo mundo olhar para o brincar”.

 

Importância do brincar desde a formação docente

De Minas Gerais, pulamos para o Rio Grande do Sul, mais precisamente em Pelotas, onde está localizado o Colégio Municipal Pelotense. A escola conta com um curso para estudantes formadas no Ensino Médio, que desejam ter habilitação em Educação Infantil e no Ensino Fundamental I. Tatiane Christ, professora do curso e coordenadora dos anos iniciais do Ensino Fundamental, explica que a elaboração da SMB já está inserida no calendário do curso.

“Nós já realizamos essa discussão da importância do brincar para o desenvolvimento da educação e dos alunos. A SMB fortalece ainda mais essa questão. É uma atividade que o grupo de professoras gosta muito. É o terceiro ano que participamos da programação e está ficando cada vez melhor, porque estamos aprendendo e vendo onde podemos melhorar a cada ano. Toda a articulação e organização é da nossa coordenadora, Ana Lúcia Almeida”, ressalta Tatiane.

A partir de um estudo do Guia disponibilizado pela Aliança, são feitas reflexões sobre o tema e sobre as atividades possíveis. A estratégia do colégio foi, a partir de um acordo com o departamento de trânsito, fechar a rua principal em frente à escola, e proporcionar que as crianças literalmente brincassem na rua.

“Nesse ano, o “Brincando na Rua” envolveu desde a Educação Infantil até o terceiro ano do Ensino Fundamental. Nós montamos um circuito de 11 estações de brincar com a temática de sensações. Buscamos usar brinquedos construídos, não comprados, já que trabalhamos muito a questão do reaproveitamento de materiais e das possibilidades que existem na confecção desses brinquedos com as alunas do curso normal”.

Entre as propostas das estações, estavam trilhas com folhas e grãos de areia para as crianças pisarem e experimentarem diferentes texturas, um palco onde cada aluno poderia se expressar para sua audiência, móbiles pendurados que produziam diferentes sons, bola de sabão, massinha de modelar, entre outros.

“Depois das propostas montadas, realizamos reuniões com as professores titulares das turmas, para que todas nós estivéssemos alinhadas sobre os objetivos, para que as crianças realmente brincassem. Fomos agraciadas com dois dias bem gostosos de rua fechada”, relembra Tatiane.

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