06.08.2013
Rebeca Celes
Uma gestação promove inúmeras transformações. Traz ao mundo o bebê (ou os bebês), a mulher se transforma em mãe, o homem se transforma em pai.
Se para nascer um bebê saudável, em um ambiente seguro e respeitoso a família precisa de cuidados, apoio e informações para escolhas conscientes, para nascer uma nutriz não é diferente. Precisamos acolher a nova mãe, escutar seus receios, tratar suas dores físicas e emocionais, tirar suas dúvidas. Esse papel não cabe somente aos profissionais de saúde: todos podem se informar para ajudar!
Abaixo vamos falar um pouco sobre como uma comunidade pode oferecer bons conselhos em amamentação.
1 – Melhorando a recepção da criança no mundo
Quando o nascimento estiver planejado para acontecer no hospital procure um que seja amigo da amamentação. Escreva um plano de parto que contemple o bebê, isto é, solicite amamentar na primeira hora após o nascimento, manter alojamento conjunto sem separação para observação e exames, deixe claro que pretende amamentar somente ao seio. O oferecimento de mamadeiras com fórmula ou glicose ao bebê dificulta a pega e a continuidade da amamentação após a alta hospitalar.
Se você trabalha em uma maternidade, em qualquer setor, seja um multiplicador das boas práticas! Há muitos materiais de leitura disponíveis no site do Ministério da Saúde e vários blogs de suporte.
2 – Derrubando mitos
Infelizmente os mitos passados de uma geração a outra interferem no estabelecimento e continuidade da amamentação. De forma geral toda mulher pode amamentar e deve fazê-lo sem colocar regras ao bebê, ou seja, sem limitar posição, duração ou intervalo das mamadas. Se o bebê tiver livre acesso ao seio ele aprenderá a mamar em qualquer formato de mamilo, em qualquer tamanho de seio, a produção será regulada pela demanda dele, ou seja, nunca haverá pouco leite, mesmo que sejam gêmeos, por exemplo. Leite materno nunca é fraco, a mãe pode doar seus nutrientes ao bebê se necessário, por isso sua alimentação é tão importante!
3 – Apoiando as mães que amamentam
Ao encontrarmos uma mulher que amamenta, em qualquer lugar, podemos incentivá-la, parabeniza-la por este cuidado. Podemos trazer uma cadeira para se sentar confortavelmente e amamentar, podemos oferecer um copo de água já que amamentar dá sede (reflexo da saída do leite e ótimo sinal!), podemos desejar uma longa “lua de leite”, afinal não existe idade para desmamar uma criança, a Organização Mundial de Saúde recomenda pelo menos 2 anos!
4 – Indicando grupos e profissionais que apoiem a amamentação
Ter com quem contar para esclarecer dúvidas, pedir ajuda para corrigir problemas iniciais comuns da amamentação como pega correta, mamas muito cheias, bebês agitado ao seio é fundamental para fortalecer a mulher e sua família! Ao procurar um pediatra informe-se antes se ele segue as orientações do Ministério da Saúde e OMS: até os seis meses oferecer apenas leite materno em livre demanda, e incentivando a amamentação continuada até 2 anos ou mais, em conjunto com uma alimentação saudável, rica em frutas, legumes, verduras e cereais variados.
Além dos pediatras, a família pode contar com 211 Bancos de Leite Humano: http://producao.redeblh.icict.fiocruz.br/portal_blh/blh_brasil.php e 56 grupos de apoio ao parto e amamentação: http://partodoprincipio.blogspot.com.br/2009/11/lista-de-gapps.html
Esses grupos trabalham gratuitamente escutando a mulher, suas questões pessoais, suas angústias, além de trocar relatos de experiências e dicas de multiprofissionais.
5 – Oferecendo ajuda de qualidade
Ao visitar uma mãe que amamenta a melhor ajuda é cuidar de seu entorno: preparar sua alimentação, fazer uma limpeza básica da casa, das roupas, segurar o bebê para que ela tome um banho. Assim ela estará descansada e disponível para amamentar o bebê.
Palavras de apoio são sempre bem-vindas: “você está linda”, “seus mamilos doloridos vão sarar rapidinho com sol e leite do próprio peito”, “essa fase vai passar”, “vocês são uma linda dupla”, “colo não estraga neném”, “descanse quando seu neném descansar”.
Presentes úteis: slings de pano, almofadas, sutiãs de algodão que expõem toda a mama, toalhinhas de fralda que servem tanto para o bebê quanto para coletar o leite que vaza do seio. Evite presentear com bicos, mamadeiras, fórmulas pois na hora do cansaço (que sim, existe!) eles podem ser usados e atrapalhar depois!
Se você amamenta não fique sozinha, peça ajuda a doulas, consultoras, educadoras perinatais, mães experientes, pediatras amigos da amamentação, grupos de apoio reais e virtuais, bancos de leite. Leve seus familiares a reuniões sobre o assunto e forme uma rede de apoio bem informada!
Amamentar é seguro, saudável e pode ser uma experiência prazerosa e de superação, aumentando a resposta imunológica e o vínculo entre a criança e seus familiares.
Rebeca Celes
http://vilamamifera.com/depeitoaberto/