#BaúDaSMB: núcleo de Florianópolis aposta na educação inclusiva e faz oficina de dança para famílias e crianças com deficiências

12 de novembro de 2018

Depois de contar um pouco sobre as experiências desenvolvidas pelos núcleos de Recife e Curitiba, agora é a vez de Florianópolis aparecer no #BaúDaSMB, série de matérias para relembrar ações desenvolvidas por todo o Brasil pelos núcleos da Aliança durante a Semana Mundial do Brincar (SMB) 2018.

Fernanda Cruz, uma das coordenadoras do núcleo da Aliança pela Infância de Florianópolis, foi a responsável pela criação de uma oficina de dança e movimento para pais e educadores da educação inclusiva, que recebeu apoio da Aliança para ser realizada durante a SMB.

Na realidade, a atividade foi uma sequência de acontecimentos que deram certo: Fernanda conta que tinha acabado de ser contratada pela ONG Autonomia, organização fundada em 2006 no Rio de Janeiro e que, desde 2009, atua na capital catarinense a partir do acolhimento e empoderamento de famílias de autistas e de pessoas com deficiência, realizando atividades semanais gratuitas com crianças, jovens, adultos, idosos e famílias em espaços públicos da cidade ou em espaços cedidos por pessoas ou empresas parceiras da ONG.

Depois de apresentar a proposta da oficina para a organização, Fernanda conseguiu o apoio da Fundação Catarinense de Cultura, que cedeu um espaço para a realização da atividade.

Infância e deficiência

Como profissional experiente no trabalho no campo da inclusão, Fernanda ressalta a importância de ter um olhar cuidadoso com a infância de crianças com alguma deficiência. “Eu já tive algumas experiências anteriores com pessoas com deficiência, como um trabalho corporal para preparação de uma peça teatral com pessoas com Síndrome de Down. Muitas vezes o reconhecimento dos direitos dessas crianças não é fácil. Mas elas também têm uma infância.”

Fernanda destaca a importância de crianças com deficiência também terem seu direito à infância respeitado, inclusive com momentos destinados exclusivamente a brincadeiras, já que suas rotinas são preenchidas com terapias.

“Quando a criança ou jovem está fazendo uma terapia, uma fono, um apoio pedagógico, tudo isso é muito importante, não devemos desmerecer de maneira alguma. Mas essas crianças também brincam, mesmo que em uma condição diferente da maioria. Elas têm o direito de brincar e de se se desenvolver por meio desse caminho.”

Acolhimento e socialização na brincadeira

Segundo a coordenadora, a oficina reforçou a linguagem corporal e a alegria de brincar, valorizando outras formas de comunicação com os outros.

Além disso, o espaço também serviu para que pais, responsáveis e famílias pudessem se conectar com outras pessoas passando por situações semelhantes. Segundo Fernanda, são comuns os relatos de pessoas com filhos com algum tipo de deficiência que têm dificuldade em acessar, por exemplo, escolas inclusivas e preparadas para receber as crianças, ou iniciativas direcionadas especialmente a elas.

“A oficina que eu ofereci era para a criança fazer junto com um adulto, seja dos seus pais ou talvez de um professor acompanhante. Eu sinto que principalmente os pais estão muito carentes de propostas de integração com outras famílias e profissionais que também estão envolvidos nessa busca por uma integração maior dessas crianças na sociedade.”

Sendo assim, a atividade ajudou a sensibilizar os adultos a saber como lidar com os diferentes transtornos, que atualmente têm uma demanda muito grande. Fernanda destaca que, nesse processo, a palavra-chave é acolhimento. “É importante possibilitarmos a socialização dessas crianças na proposta, que foi um trabalho de grupo com esse espírito da brincadeira, do lúdico, da alegria de se encontrar e de estar junto fazendo algo prazeroso que tem um fundamento. É um contexto que vai se construindo.”

Por fim, a coordenadora destaca que compreender a importância da construção de propostas com embasamentos é importante para entender como é possível trabalhar com a diversidade. “Trata-se de valorizar esse ser humano, essa criança que está aqui dessa forma. É valorizar as diferenças e trabalhar com a diversidade, entendendo e aceitando que ninguém sabe menos ou mais, mas que existem diferentes talentos e diferentes formas de estar no mundo.”

Assim como a atividade no museu Oscar Niemeyer de Curitiba, a atividade em Florianópolis durante a SMB rendeu frutos. Depois dessa oficina inicial, a parceria com a ONG Autonomia e com a Fundação Catarinense de Cultura continuou. As atividades são ministradas semanalmente e, agora, Fernanda e sua turma estão preparando um espetáculo de fim de ano para contar sobre o processo de criação ao longo das oficinas, de forma a dar visibilidade ao trabalho.

 

*As fotos usadas nessa matéria são do arquivo de Fernanda Cruz. 

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