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Núcleos da Aliança pela Infância se movimentam para compartilhar conhecimento sobre infância e o ABCD Encantado

16 de outubro de 2019

Segundo o relatório Crianças de até 6 anos: o direito à sobrevivência e ao desenvolvimento, realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), “os primeiros anos da infância correspondem ao período de maior sensibilidade, quando o cérebro precisa de estímulos para criar ou fortalecer estruturas mentais, cognitivas e emocionais. Isso porque até os 6 anos de idade formam-se 90% das sinapses cerebrais. Nesses primeiros anos, ocorrem as chamadas “janelas de oportunidades”, o período no qual, neurologicamente, as crianças estão mais propensas a desenvolver várias habilidades.” 

O aprendizado, portanto, acontece a todo momento e em todos os lugares que as crianças frequentam, especialmente na escola. Pensando em debater esse importante momento na vida de uma pessoa, o curso de Licenciatura em Educação Infantil, o Grupo de Pesquisa Contextos da Infância, Adolescência e Juventude e suas Interrelações na Família e na Sociedade (CIAJIFS) e o Núcleo de Viçosa da Aliança Pela Infância organizaram a primeira edição do Simpósio de Infâncias e Educação Infantil: a Hora e a Vez das Crianças (SIEIN). 

O evento aconteceu em agosto na Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, e contou com diferentes profissionais para debater assuntos diversos dentro do macrotema da primeira infância. Sarah Rocha, representante do núcleo da Aliança pela Infância de Viçosa, explicou que entre as motivações para a realização da iniciativa estava a comemoração dos 40 anos do Laboratório de Desenvolvimento Humano que, juntamente com o Laboratório de Desenvolvimento Infantil constituem escolas localizadas dentro da UFV, assim como a oportunidade de disseminar o conhecimento produzido no âmbito acadêmico. 

A influência da universidade na cidade também foi um dos pontos que incentivou a realização do simpósio. “Vivemos hoje um momento de luta pelas crianças e pela infância, tanto dentro da universidade, como em outros espaços. A influência da UFV envolve a Rede Municipal de Educação. Por isso, pensamos em como podemos contribuir para influenciar docentes que estão dentro da rede municipal a repensarem suas práticas.”

Segundo Sarah, os palestrantes convidados puderam compartilhar um pouco sobre as pesquisas que estão desenvolvendo no âmbito de outras universidades federais sobre a primeira infância. Léa Tiriba, professora da Escola de Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), falou da relação da criança com natureza, por exemplo. Além disso, também foi realizada uma mesa de experiências, com participação de ex-alunos do curso de educação infantil contando sobre suas experiências pós-formação, e um painel de apresentações orais sobre pesquisas com a temática da infância que estão realizadas no âmbito do CIAJIFS. 

Toda a mobilização rendeu frutos: as inscrições para a primeira edição do simpósio esgotaram. A rede municipal de educação apoiou a iniciativa e liberou docentes e auxiliares para participarem do evento como uma iniciativa de formação. Além dos bons resultados, Sarah chamou atenção para a Aliança pela Infância como copromotora do evento. “Nós pudemos divulgar um pouco mais nossas ações aqui em Viçosa, o que fez com que o grupo se fortalecesse e crescesse, já que conseguimos dar essa visibilidade para a Aliança e captar mais participantes.” 

Além disso, o simpósio levou em consideração o encantamento e a leveza do olhar para tratar de um tema que envolve crianças. “Como representante do núcleo da Aliança, fiquei responsável por ajudar a conduzir o evento. A todo o momento, buscamos levar essa sensibilidade do olhar para com a primeira infância para o simpósio, com a apresentação de poemas e canções.”  

ABCD Encantado e o Transtorno do Espectro Autista  

Outro núcleo da Aliança que decidiu compartilhar conhecimento foi o de Araçoiaba. O  Aracê, programa do Núcleo da Aliança pela Infância de Sorocaba e Araçoiaba em parceria com o Instituto VAI e apoio da Sociedade Antroposófica e CaminhAção, estão promovendo o II Seminário de Pedagogias Sociais – Humanização, a Arte do Encontro na Educação

A conferência de abertura contou com a presença de Ute Craemer, fundadora da Associação Comunitária Monte Azul e articuladora da Aliança pela Infância no Brasil, que dividiu com os participantes informações sobre os encontros que acontecem no âmbito da educação e como é possível humanizar esses contatos. 

Aline França, pedagoga, fundadora do Instituto VAI e da Tribo Educação e mobilizadora do Núcleo, explica que as organizadoras decidiram promover uma segunda edição do seminário para discutir o ABCD Encantado da Infância, eixo norteador da Aliança pela Infância – abordando as questões do aprender, brincar, comer e dormir como no Transtorno do Espectro Autista (TEA). 

“Nós entendemos que o ABCD era a maneira mais organizada para trabalhar comportamentos atípicos com foco no TEA. Falamos sobre aprendizagem e como as pessoas podem se relacionar melhor para apoiar autista dentro de suas caract e processos de aprendizagem. Também abordamos que essa aprendizagem deve acontecer muito através do brincar que, para a criança, é um brincar livre, mas que adultos devem ter uma intenção organizada com as brincadeiras.”

A pedagoga comentou ainda sobre a importância das duas outras letras, o C de comer e D de dormir. Segundo ela, são elementos que dão ritmo a vida das crianças, se configurando como tão importantes ou até mais do que o aprender e brincar, pois é a alimentação e o descanso que preparam o corpo humano para a vivência durante o dia. 

O encontro sobre o comer e o dormir contará com oficinas de culinária, para ensinar educadores e famílias sobre o impacto do glúten e lactose no desenvolvimento do organismo, sobretudo em crianças com TEA. Além disso, Aline reforça que os conhecimentos sobre o sono são fundamentais para ajudar as famílias a criarem uma rotina de descanso com seus filhos. 

“Crianças que não dormem tendem a ficar mais agitadas, o que é uma característica em muitos casos de TEA. O ato de não descansar e toda essa agitação facilita que a criança fique mais impaciente, torne-se mais agressiva, sobretudo em casos nos quais a fala não está desenvolvida, e acarreta dificuldades de relacionamento. Mas em um mundo cheio de telas, não é simples falar ‘Coloque seu filho na cama’. Nós vamos ensinar a como desenvolver uma rotina rítmica e natural, que vá levando a criança ao encontro do sono, porque quando dormimos é que processamos a aprendizagem.”

Além dos ensinamentos sobre o ABCD, o seminário também contou com um encontro destinado ao debate sobre projetos. Aline explica que as organizadoras do evento querem estimular que os participantes sejam transmissores dos conhecimentos adquiridos e, com isso, possam desenvolver seus próprios projetos. 

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