A SMB é um convite: Fátima Falcão fala sobre “Cultivar, Observar, Respeitar”

25 de maio de 2017

Cada criança tem seu próprio ritmo, seu tempo de aprender, brincar, comer e dormir. Cabe ao adulto observar, respeitar e aproveitar cada um destes momentos junto com ela. É o que ressalta Fátima Falcão, jornalista, conselheira da Aliança pela Infância, diretora da Olhar Cidadão, mãe de quatro e avó de dois. Leia o artigo (presente também no Guia da Semana Mundial do Brincar 2017 – Inspirações para Experiências Felizes) e aproveite para encontrar e cultivar este tempo com os pequenos.

 

CULTIVAR, OBSERVAR, RESPEITAR
por FÁTIMA FALCÃO

E agora, dando as mãos novamente para a criança que nos guia, nos vemos descalços diante do tempo das coisas singelas da infância, pisando o chão fértil onde se cultivará o bom, o belo e o útil, retirando distraídos, como diria o poeta, os entulhos da terra.

Onde a bondade, a beleza e a utilidade se encontram com o que a Aliança espera semear neste chão da infância? A resposta é que se encontram em tudo o que percorre o tempo de ser criança. Mas, se precisarmos ficar no limite do essencial, estão nos atos de aprender, brincar, comer, dormir. Descobrindo que, nestes atos cotidianos, a criança está desenvolvendo, em seu próprio tempo interno, a visão sobre o que será no mundo, a partir de si mesma, no contato das potências com as quais todos fomos criados.

Assim, se no tempo de aprender (falo de aprendizagens em todos os sentidos), ela percebe nos adultos confiança, paciência, liberdade, estímulo, motivação, disciplina (e não pressão sem propósito), interesse, curiosidade, valorização e tantas outras coisas boas, certamente estará recebendo muito mais conhecimento para a vida do que se pode imaginar.

Se no tempo de brincar os adultos permitem à criança uma vivência plena, criadora, livre, sem intenções que não sejam a brincadeira em si mesma, possivelmente vai construir internamente experiências felizes, arquitetas de memórias, capacidades e sentidos que a guiarão pela vida afora.

Se no tempo de comer os adultos lhe garantem o direito a uma vida saudável, o mais próximo possível das coisas naturais, com uma experimentação de sabores, texturas, cores e alimentos preparados com carinho, que lhes transmitam aconchego e segurança, resulta daí, provavelmente, um nutrir para além do que se costuma oferecer à criança num simples prato de comida.

Se no tempo de dormir os adultos preparam o ambiente e o estado da criança para um sono tranquilo, no tempo certo, com a calma e a quietude necessárias para que o corpo descanse, refazendo as energias (inclusive para as funções do aprendizado diurno), aí por certo o espírito encontrará, serenamente, no repouso da mente, as fontes que o fortalecerão para o estado de vigília.

Há tempo para tudo, quando se observa o ritmo nos fazeres do dia com a criança, quando o encantamento nos toma, de fato, ao observar suas descobertas, suas maravilhosas revelações, seu deslumbramento com as formigas. Mas tudo isso requer de nós presença verdadeira.

Para que o tempo da criança seja respeitado, com seus ritmos e dedicações — que variam mesmo de acordo com contextos familiares e temperamentos infantis —, é preciso reconhecê-lo, sobretudo, como um bem valioso na constituição da nossa humanidade. É preciso tempo para ser.

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