Do apartamento à floresta: conheça algumas maneiras de brincar na natureza

28 de maio de 2023

As possibilidades são infinitas quando nos enxergamos parte do que é natural; confira algumas atividades realizadas durante a Semana Mundial do Brincar 2023

Por Camila Salmazio, para Aliança pela Infância

Crianças aproveitam o terreno do EMEB Manoel Anibal Marcondes, em Jundiaí, na Semana Mundial do Brincar. Foto: Herculano Foz.

 

Hoje é o Dia Mundial do Brincar! São muitas as possibilidades que a natureza nos oferece de exercitar o corpo e a imaginação. A edição de 2023 da Semana Mundial do Brincar, promovida pelo movimento Aliança pela Infância, mostrou que a brincadeira pode acontecer nos mais diversos espaços, envolvendo qualquer idade. Só de atividades inscritas foram mais de 550, além de outras inúmeras ações realizadas em todos os cantos do Brasil e outros nove países da América Latina.

Ao refletir sobre como conectar a infância com a natureza, mote desta 14ª edição, é normal que os primeiros pensamentos nos levem à necessidade de estar em ambientes com mais árvores e animais, por exemplo.

Bebês e cuidadores aproveitaram o dia ao ar livre para se divertirem juntos. Foto: Andrea Pimenta /Cia Clac


Mas o conceito vai muito além de um ambiente propício. O próprio movimento do corpo ao embalar um bebê faz a conexão com a memória do gestar. Foi a partir dessa concepção que, durante a Semana Mundial do Brincar, a Cia Clac idealizou a atividade “Brincando desde bebês. Balanço de Pano”, com a proposta de dançar com slings, que são carregadores feitos de pano, tradicionais da África. 

 

Recursos simples como a luz e a sombra também podem ativar o imaginário da criança e conduzi-las para investigações. Experimente usar papel celofane na luz solar para explorar diversos formatos, projeções e cores no chão e nas paredes. Essa foi a proposta da oficina “Fortalecendo Raízes”, realizada na quadra da escola E.M Maria do Carmo de Abreu Sodré, em Itanhaém. 

Ainda no quintal ou no parque é possível coletar elementos como galhos, sementes, folhas e frutos para criar seus próprios brinquedos. Poder brincar coletivamente em ambientes públicos é uma ótima maneira de trocar experiências. Então que tal um piquenique na pracinha, como propôs o coletivo @napracinha, com mediação de leitura para todas as idades. 

Mas se não tiver parques próximo de casa, a brincadeira pode acontecer até em lugares menos óbvios, como por exemplo uma banca de jornal. Em São Paulo, a  Banca de Livros, Arte e Cultura convidou quem passava a pular amarelinha, jogar cinco marias e jogo da velha, pular corda e rodar pião ali mesmo na calçada. A ocupação das cidades de forma mais gentil e generosa torna o ambiente convidativo para as crianças brincarem e se desenvolverem.

E se pode brincar em uma banca de jornal, porque não também na universidade? O espaço que é frequentado somente por adultos pode ser transformado em ambiente brincante apenas com a abertura para receber a infância. Durante a Semana Mundial do Brincar a UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), a UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) e a USP (Universidade de São Paulo) se somaram ao movimento e abriram os campus para crianças de 03 a 11 anos brincarem livremente com materiais e elementos naturais. 

Crianças de todas as idades ganharam espaço na Universidade federal do Espírito Santo. / Foto: Leandro Reis

 

Explorar os espaços urbanos é um direito da criança e muitos equipamentos públicos tem uma área verde que podem ser ótimos territórios de brincar. Durante a Semana Mundial do Brincar, unidades de Saúde foram ocupadas por crianças, não porque estavam doentes, pelo contrário. A área externa do Hospital Municipal de Tiradentes Carmen Prudente,em São Paulo, se encheu de vida ao proporcionar uma tarde de brincar na natureza em sua área externa.

Já no Hospital Municipal dos Servidores Públicos, também em São Paulo, abriu a brinquedoteca da instituição para momentos de muita diversão para as famílias que estão internadas.

Brincar é natural 

A 14ª edição da Semana Mundial do Brincar também foi marcada pelo crescimento de atividades e ações no Norte e Nordeste do país. Em Salvador, na Bahia, a proposta do grupo independente Sussurradeiras foi a de “emprestar os ouvidos” em uma brincadeira de som, silêncio e poesia.

Brincantes de todas as idades se envolveram na proposta das Sussurradeiras de recitar versos ao pé do ouvido. / Foto: Sussurradeiras

 

Os encontros brincantes também podem ser regados de histórias que alimentam o imaginário infantil. As lendas do Cariri foram contadas pelas próprias crianças em Nova Olinda, no Ceara. 

Dar protagonismo para a criança desenvolver a brincadeira sem grandes intervenções também é uma maneira potente de aflorar a própria natureza da criança. E não precisa de grandes formulações, um banho de mangueira fez a alegria da garotada do CEI Anna Rebeca Sousa Pereira, em Horizonte, no Ceará

Em 2010 alunos do EMEI Professora Áurea Melo Zamor , em Aracaju, no Sergipe, plantaram um cajueiro na unidade. Passado 13 anos, a mesma árvore, já crescida, deu abrigo para uma tarde de contação de histórias

O pé de cajueiro plantado pelos próprios alunos no passado é hoje parte da brincadeira. / Foto: EMEI Professora Áurea Melo Zamor.

 

A atividade do EMEI Professora Áurea Melo Zamor nos ajuda a refletir sobre o que podemos aprender com aqueles que vieram antes. Nesse sentido, brincadeiras da vovô, como pular elástico, empinar pipa e brincar de pega pega atravessaram o tempo e são parte da infância atual. Para celebrar esses encontros de gerações, o CEI Maria Alves Pereira, que fica no distrito de Paracuá, no Ceará os idosos foram convidados a contar suas histórias e ensinar as crianças sobre ancestralidade.

Conte sua experiência também

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A Aliança Pela Infância também disponibiliza materiais para você se inspirar e seguir brincando. Acesse o Instagram @aliancapelainfancia e acompanhe o movimento pela infância livre. 

 

E não acabou!

A Aliança pela Infância realiza em diferentes períodos do ano as semanas do ABCD Encantado da Infância. Em 2023, já aconteceram a Semana do Aprender, em março, e Semana do Brincar, em maio. As próximas serão a Semana do Comer, em agosto; Semana da Infância e Cultura de Paz, em outubro; em Semana do Dormir, em dezembro.

O fio que conduz todas as semanas do ABCD Encantado neste ano é “Naturalizar”, buscando facilitar o contato e o acesso à natureza, sem perder de vista tantos problemas sociais que, em nossa conjuntura, não podem ser dissociados dos problemas ambientais, como fome, racismo, violência. Para saber mais, continue acompanhando nosso site e redes sociais

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