Antes de começar a ler essa matéria, um convite: pare e pense em suas memórias afetivas. Bons momentos da infância, adolescência e até mesmo da vida adulta. São grandes as chances dessas lembranças terem acontecido durante uma refeição com pessoas queridas. Isso porque a alimentação tem o poder de deixar marcas afetivas que nos acompanham durante toda a vida. Seja uma avó que faz a sobremesa preferida do neto em seu aniversário, ou um prato tradicional presente em todas as ceias de Natal, a alimentação nos une.
O comer, inclusive, representa a letra C do ABCD Encantado da Infância, fio condutor dos trabalhos da Aliança pela Infância que trata de quatro eixos fundamentais para o desenvolvimento humano: aprender, brincar, comer e dormir. Motivada a produzir mais conteúdos sobre cada letra, a Aliança entrevistou Fabíolla Duarte.
Quem é Fabiolla Duarte?
Com passagens pelo teatro, filosofia e antropologia, Fabiolla conta que sempre se interessou por alimentação. Ela estudou no Emerson College, uma faculdade antroposófica na Inglaterra, onde aprendeu mais sobre antroposofia, educação Waldorf, e realizou um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) com o tema Forças da Nutrição, um conceito antroposófico e outro com o tema Os Contos de Fadas em Sala de Aula.
Depois de uma passagem pela Espanha, retornou ao Brasil e, mais uma vez, o tema alimentação marcou presença em sua vida. No TCC do curso de Licenciatura em Artes Visuais na Faculdade Belas Artes de São Paulo pesquisou o cotidiano doméstico gastronômico no Brasil Colonial.
Em 2010, Fabíolla torna-se mãe de Hari. Conforme seu filho foi crescendo, novas necessidades foram surgindo, como sua introdução alimentar. Para encurtar a história, foram muitas pesquisas desenvolvidas e tentativas colocadas em prática. Os resultados foram diversos conhecimentos acumulados que, com o incentivo de amigas com quem Fabiolla compartilhava dicas, tornaram-se os cursos Colher de Pau.
A alimentação e suas nuances
Em um bate-papo descontraído, Fabíolla contou um pouco mais sobre como a comida sempre fez parte de sua vida, inclusive constituindo um campo onde ela pôde descobrir mais sobre si mesma e sobre sua origem familiar.
A criação de uma metodologia focada no desenvolvimento infantil e na comensalidade teve como motivação seu estudo sobre as diversas linhas disponibilizadas sobre introdução alimentar e o fato de discordar sobre o ponto comum entre todas: apresentar estratégias para o bebê comer. A educadora acredita no encontro entre bebê e comida e no interesse espontâneo pelo alimento.
Durante a entrevista, Fabiolla também comenta sobre paladar seletivo, o comer na escola, e a comida e a relação com a cultura, identidade e conexão. Ao relembrar suas vivências em Porto Velho, Rondônia, terra natal de sua mãe, conta que esperava na fila para sua vez de comer as comidas típicas da região, motivada por uma vontade de descobrir as origens de sua mãe. As experiências gastronômicas também aconteceram em sua família paterna, com a avó baiana e, por mais que em diversos momentos não gostasse do gosto das comidas, ela recorda que apreciava o momento da alimentação e como se sentia ao comer a comida da avó.
Por isso, Fabiolla reforça a importância de crianças conviverem e fazerem refeições com a família, seja de sangue ou família reinventada.
Saiba mais
Além dos cursos Colher de Pau, Fabiolla também é a criadora do Colher de Pau Festival. Com sua sexta edição realizada no começo de novembro deste ano, o evento autointitula-se como uma mobilização que pensa comida, empreendedorismo e educação como uma forma de mudar o mundo.
Sua programação conta conta com expositores, praça de alimentação, rodas de conversa, oficinas, shows, apresentações e momentos de descanso e opções para todas as idades. A ideia de criar o evento surgiu para unir mães e pais que falam sobre não terem tempo para cozinhar, e pais e mães que gostam de cozinhar e que empreendem negócios familiares ligados a comida de verdade.
Conheça mais sobre a história de Fabíolla e suas ações. Acesse sua página profissional, a página do Facebook ou Instagram do festival ou o site oficial. E não esqueça de assistir e compartilhar o vídeo de sua entrevista disponível no YouTube da Aliança pela Infância.