No Dia da Consciência Negra, a Aliança conversa com a escritora, contadora de histórias e educadora Kiusam de Oliveira
Kiusam é autora dos livros: O mundo no black power de Tayó, O black power de Akim, Omo-oba histórias de princesas entre outros.
Sobre o seu trabalho como escritora de livros para a infância, Kiusam comenta que todo o tempo recebe inúmeros retornos positivos de crianças, jovens e adultos. De suas recordações, duas foram marcantes. A primeira, em uma Fábrica de Cultura da cidade de São Paulo, a escritora se deparou com a alegria de uma menina em conhecê-la. “Ela pulava com tanta alegria e movia os braços tão rápido, de punhos cerrados, dizendo ‘ai ai, ai, é a Kiusam, eu amo Tayó, eu amo Tayó”, uma cena que a bibliotecária da unidade registrou em uma foto e que a imagem traz lembranças ternas para a autora.
No segundo caso, foi uma mãe que registrou e postou nas redes uma sequência de fotos de seu filho de três anos de idade lendo O black power de Akim. O sorriso no rosto do menino por encontrar dentro do livro um menino como ele marcou a autora. “Em uma passagem, Akim abraça o avô e, ao fim da leitura, o menino, já transbordante daquela experiência, olha para a mãe e pede pelo avô. A mãe leva o menino ao avô e ele reproduz a cena do livro.”
A autora aponta que a literatura pode contribuir para uma educação antirracista quando escritores e escritoras deixam de reproduzir o racismo que está estruturado dentro de cada um deles e delas. “Parece simples, mas não é. Até hoje vemos expressões e formas de olhar e pensar e narrar uma história de uma forma extremamente discriminatória e portanto para mim repulsiva.”
Questionada sobre como falar sobre representatividade negra com crianças brancas, Kiusam é certeira: “Produzindo materiais competentes que promovam uma literatura de cura”. E acrescenta: “ao mesmo tempo que a literatura cura pessoas negras, independentemente da idade, ela também provoca a cura nas pessoas não negras, nas crianças brancas, porque estas vão olhar para outros padrões de beleza e também podem se encantar com Tayó e Akim.”
Kiusam de Oliveira se entende como uma produtora de literatura negro-brasileira do encantamento infantil e juvenil, colocando em sua obra questões pontuais que provocam o questionamento e promovem a cura.
Ouça o depoimento da escritora, sobre sua vivência enquanto menina negra vítima de racismo em ambiente escolar. Pelo caráter de sensibilização, a Aliança Pela Infância acredita na importância de divulgar o relato contundente de Kiusam para que ações vexatórias não tornem a se repetir, principalmente em ambientes escolares.
Considerando a literatura como porta de entrada para a pluralidade do mundo, A Aliança pela Infância listou histórias que trazem a representatividade e instigam a criança a praticar um olhar sensível para a diversidade racial.