Após uma Semana Mundial do Brincar muito vigorosa e com atividades em todo Brasil no primeiro semestre, a Aliança pela Infância promoveu outra iniciativa de grande relevância para o movimento: a primeira edição da Série Inspirações, o principal marco dos meses finais do ano. O evento aconteceu nos dias 25 e 26 de outubro no SESC Santo Amaro, em São Paulo (SP).
O tema central do encontro foi o novo posicionamento da Aliança em sua proposta inaugural. Assim, o ABCD Encantado da Infância – A de aprender, B de brincar, C de comer e D de dormir – mobilizou reflexões sobre o que há de mais essencial nas atividades cotidianas de uma criança e nas relações do adulto com a infância.
A oportunidade também celebrou os 15 anos do movimento, relembrando sua trajetória em defesa do tempo da infância. Assim, o encontro – que reuniu os núcleos da Aliança, pesquisadores, educadores e demais interessados no tema da infância – teve como desafio dar luz aos aspectos subjetivos latentes nesses quatro atos que formam o ABCD.
Para viabilizar a iniciativa, a Aliança pela Infância contou com o importante apoio do Instituto Mahle, parceiro de muitos anos do movimento. E, para refletir sobre os temas propostos, a organização convidou a psicóloga e doutora em educação Paula Saretta, a conselheira da Alliance for Childhood Giovana Barbosa de Souza, a nutricionista Vanessa Acras e o médico antroposófico Derblai Sebben. A mediação da mesa coube à conselheira da Aliança Andressa Pellanda.
“O embrião desse posicionamento que foi discutido no evento surgiu a partir das escutas de membros do movimento e de outros atores do campo da infância, além do acúmulo de experiências da Aliança nos últimos anos. Em plena fase de desenvolvimento, essa semente foi fortalecida no mês da criança com o lançamento da Série Inspirações”, explica Letícia Zero, secretária executiva da Aliança no Brasil.
As discussões propostas não se esgotaram no encontro. Muitas inspirações e experiências serão exploradas aqui no site a partir de relatos e provocações dos próprios núcleos da Aliança. A partir de agora a Série Inspirações continua compartilhando aprendizados neste ambiente digital. Ainda na linha da geração e conhecimento, em breve será lançada uma publicação com reflexões sobre o ABCD Encantado da Infância.
Para assistir a trechos das falas dos debatedores, acesse a página da Aliança no Facebook.
Primeiro dia: inspirações
Na primeira etapa do encontro, aberta ao público, convidados especialistas debateram o ABCD Encantado da Infância buscando conexões entre os temas – aprender, brincar, comer e dormir. Paula Saretta, Giovana Barbosa de Souza, Vanessa Acras e Derblai Sebben e a mediadora Andressa Pellanda apresentaram os eixos e provocaram o público com reflexões sobre as relações entre adultos e crianças.
Paula Saretta explorou o “aprender” a partir de uma série de ideias sobre o entrelaçamento entre pensar e sentir. “Não é incomum ouvirmos professores e familiares se questionarem sobre o modo como seus alunos ou filhos estão aprendendo. Há quem defenda que, para aprender, é necessária uma disciplina rígida e extensa carga horária. Mas vale lembrar que o ato de aprender só pode ser olhado simultaneamente ao ato de sentir. Ninguém aprende num ambiente em que se sente hostilizado, amedrontado, envergonhado, ameaçado. O ser humano pensa e sente ao mesmo tempo, não há como separar ou isolar um aspecto do outro. As conquistas do plano afetivo são utilizadas no plano cognitivo e vice-versa.”
As reflexões sobre o “brincar” ficaram a cargo de Giovana Barbosa de Souza, conselheira da Aliança pela Infância. A pesquisadora frisou que o brincar é uma responsabilidade da gestão escolar, dos pais e de toda a família. “O brincar acontece a todo instante, em todo lugar e pode conter as outras letras desse ABCD: a criança brinca e aprende, brinca com os alimentos, brinca quando sonha”, destacou.
Vanessa Acras, especialista em nutrição clínica pediátrica, frisou a importância da observação em relação ao ato de se alimentar. “Quando comemos, nós olhamos para o alimento e para a reação das crianças? Nós dividimos o momento do fazer e comer com os filhos? Não podemos responsabilizar só escola, amigos e outros fatores se a alimentação não é boa. É preciso valorizar em casa os sabores e a partilha.”
Já o médico antroposófico, Derblai Sebben, trouxe reflexões sobre o sono – e o sonho. Para ele, manter um ritual para o dormir na infância é sinônimo de saúde e disposição para as outras letras dessa proposta. “Quando as crianças dormem e sonham elas têm energia e disposição para qualquer atividade e para curtir esses sonhos que estimulam a criatividade, a imaginação”, disse.
O dia de atividades, repleto de reflexões, se encerrou com uma apresentação dos artistas circenses Aaradelfa Wrede, Patrick da Costa Nogueira e o Ivo Bernardo Mauricio, representantes dos Núcleos de Nova Friburgo e Teresópolis do estado do Rio de Janeiro.
Segundo dia: experiências
No dia seguinte ao debate, núcleos, conselheiros e parceiros da Aliança pela Infância estiveram reunidos para uma oficina. Inspirados pelas discussões do dia anterior, os participantes levaram para o trabalho um pouco da sua atuação Brasil adentro com os núcleos da Aliança. A atividade foi conduzida pelo Instituto Elos.
Já na manhã, os núcleos participaram de uma feira para expor suas experiências. O trabalho teve como objetivo aproximar estas localidades a partir de suas práticas e disseminar saberes entre os participantes.
Ao longo do dia, os participantes discutiram sonhos, desafios, projetos e começaram a esboçar planos para suas localidades na linha do ABCD Encantado da Infância. Valdete Tereza da Costa Asevedo, do Núcleo de Resende (RJ) deu o tom da conversa. “Essa proposta do ABCD que a Aliança nos apresenta significa os quatro pilares que usamos para medir a qualidade de vida na primeira infância. O conceito está superalianhado com o que já temos feito.”
Entre as principais sugestões estão a ideia de reforçar a comunicação entre núcleos, a realização de encontros regionais (presenciais ou via internet) e a geração de novos repertórios sobre o ABCD Encantado. A gestão da Aliança pela Infância está avaliando como incorporar as propostas para o planejamento de 2017.
Confira os vídeos do evento:
Alguns registros:
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