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“Brincar e reencantar a infância”, por Adriana Friedmann

19 de abril de 2016

Semana Mundial do Brincar: sempre uma nova oportunidade para levar o brincar a todos os cantos e esconderijos das vidas das crianças. Brincar vai muito além de uma ação, de uma atividade, experiência, um tempo ou um lugar. Brincar é possibilidade de ser, de expressar-se, de compartilhar, de descobrir, de viajar a outros mundos, de reencantar a vida!

Quantas e quantas gerações de crianças viveram histórias de brincadeiras e brincares que ficaram impregnadas nas suas memórias, nos seus corpos, nos seus seres e saberes? Brincares que nos constituem na nossa humanidade, no ser em que cada um de nós se tornou por ter tido a oportunidade de brincar.

E por mais carente de oportunidades de brincar que tenha sido qualquer criança, todas – sim, todas! – tiveram brechas nas suas vidas para viver plenamente o que hoje se defende como um direito da infância.

VIVENDO INFÂNCIAS DE FORMA AUTORAL
E SIGNIFICATIVA

Criaram-se leis, estudos, pesquisas, eventos, movimentos, campanhas, dias e semanas dedicadas a um fenômeno tão básico como o brincar, por ele ter perdido espaços e tempos nos cotidianos das crianças. As mais novas gerações foram privadas dessa vivência, que é absolutamente orgânica, necessária e constitutiva de qualquer ser humano. Em detrimento do quê? De um sistema social e educacional pressionar e se adiantar a processos, aprendizagens; querer hiperestimular as crianças sem respeitar os tempos, as escolhas e os ritmos de cada uma delas. Ansiosos como somos, nós, adultos, nos precipitamos em oferecer uma parafernália de objetos, brinquedos, apetrechos, tecnologias e estímulos – muitas vezes, inadequados –, tirando das crianças possibilidades de viverem suas infâncias de forma plena, autêntica, autoral e significativa.

O que é o brincar que encanta o lugar que a Aliança pela Infância propõe nesta Semana Mundial do Brincar 2016? É o autêntico encantamento que a linguagem do brincar propõe, das formas mais simples, inusitadas, espontâneas e muito profundas nas vidas das crianças.

É o brincar que propicia o sonho e a fantasia, o brincar que alimenta as almas e corpos infantis, o brincar que potencializa a possibilidade de tantas aprendizagens e trocas: é este o brincar que poderá reencantar as vidas das crianças de hoje.

*Doutora em Antropologia (PUC), mestre em Metodologia do Ensino (Unicamp) e pedagoga (USP), coordenadora do NEPSID – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Simbolismo, Infância e Desenvolvimento, co-fundadora da Aliança pela Infância e criadora do Mapa da Infância Brasileira.

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