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Aliança pela Infância promove aproximação entre conselho e núcleos na discussão sobre campanha do aprender do ABCD Encantado

27 de fevereiro de 2020

Anualmente, a Aliança pela Infância escolhe um tema que guia as ações da Semana Mundial do Brincar em diversas cidades Brasil afora. A mobilização está diretamente relacionada ao eixo B, de Brincar, do ABCD Encantado da Infância, fio condutor dos trabalhos e ações realizadas pela Aliança. 

Pensando sobre a necessidade de dar luz e espaço na pauta aos outros três eixos que constituem atividades fundamentais para uma infância plena e saudável e que possibilitam o desenvolvimento integral das crianças – A de aprender, C de comer e D de dormir -, o Conselho Deliberativo da Aliança pela Infância realizou, no dia 12 de fevereiro, um encontro online com representantes de diversos núcleos do movimento que atuam em diferentes estados e cidades brasileiras. 

A primeira edição do “Diálogos do ABCD – Encontro com o Movimento” reuniu diferentes atores comprometidos em pensar e defender o direito a uma infância plena. Assim, promoveu a aproximação do conselho e de seus núcleos, além de funcionar como um espaço de debate, compartilhamento de práticas e ideias para próximas ações. 

Letícia Zero, coordenadora da secretaria executiva da Aliança pela Infância, argumenta que a reunião pôde validar a proposta da Aliança de realizar quatro mobilizações ao longo do ano, percorrendo todos os temas do ABCD Encantado. “Nós partimos da Semana Mundial do Brincar para pensar na realização de campanhas nos outros três eixos, de forma a fortalecer nossa atuação, para que estejamos presentes e atuantes durante todo o ano.” 

A de aprender 

Dando sequência à mobilização “O sonhar que encanta o dormir“, realizada pela Aliança pela Infância em dezembro com objetivo de ouvir especialistas sobre por que uma boa noite de sono é fundamental tanto para o desenvolvimento pleno durante a infância, quanto para fixar conhecimentos adquiridos ao longo do dia, a Aliança começou a estudar uma mobilização com o tema do aprender. 

Nesse sentido, entre os pontos levantados durante o bate-papo, está o fato de que o aprender passa pelo ensinar. Entretanto, é importante mencionar as diversas e inúmeras situações que possibilitam aprendizagem para as crianças. 

Segundo Marcelo Nonato, do conselho deliberativo da Aliança pela Infância, ensinar e aprender são duas ações intrínsecas aos seres humanos. “Nós consideramos o aprender como uma relação dupla. De um lado há o aprender que nutre a alma da criança com saberes que ela ainda não possui. De outro, alimentamos e fazemos vir à tona saberes que já existem dentro da criança sem a nossa intervenção, conhecimentos que já vem com ela. Devemos olhar o ensinar e o aprender como algo muito natural e, se essa relação for verdadeira, é necessário ser dialógica, ou seja, ouvir e ser ouvido. É assim que se constroem aprendizados tão ricos.”

Shigueyo Mizoguchi, também do conselho deliberativo, pontuou o papel dos adultos na forma com que se portam frente às crianças que, principalmente no começo da vida, usam os mais velhos como espelho para suas ações. “As crianças aprendem muito por meio da imitação. Essa força é muito importante principalmente na primeira infância. Precisamos promover um ambiente digno de imitação,  com nossas atitudes, assim como a forma de comunicar com as crianças.” 

De que aprender estamos falando 

Fátima Falcão, do conselho consultivo da Aliança, reforçou que, antes de se pensar em um modelo para a mobilização, é necessário atentar-se e refletir sobre qual aprender a Aliança pretende tratar. “Devemos seguir o exemplo da SMB e escolher um tema como recorte para poder tangibilizar o aprender.”

Uma das sugestões levantadas é colocar o foco na leitura, não exclusivamente no texto, mas ressaltando elementos como o uso da voz humana e o ato de um adulto ler para a criança com entonação e ritmo, indo além do conteúdo. “Dessa forma, é possível que a leitura e contação de histórias sejam vistas como meios de desenvolver o pensar e o sentir da criança. Então, uma ideia para a campanha é estimular que adultos leiam e contem histórias para as crianças, valorizando a voz como portadora de afeto, estimulando ouvintes poéticos que apreciem a contação de histórias.” 

Renate Keller, do conselho deliberativo e consultivo da Aliança, concordou ao afirmar que os primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento da linguagem e, por isso, é fundamental que os adultos promovam situações nas quais as crianças possam enriquecer sua língua materna. “Pensando em uma campanha de aprender, podemos seguir a ideia sugerida da contação de histórias e promoção da leitura para poder transmitir uma linguagem mais artística.” 

Sensibilidade no ato de aprender 

O afeto foi um dos pontos que apareceu em praticamente todas as falas dos representantes dos núcleos. Para Sara Rocha, do núcleo da Aliança pela Infância em Viçosa (MG), o processo de aprender pode ser considerado poético e, quem sabe, até filosófico, uma vez que “prendemos aquilo [o conhecimento] dentro de nós. Quando penso em aprender, na minha concepção, é algo muito relacionado a viver.” 

Livia Melo, do núcleo de Recife (PE), acredita que a questão do afeto para o aprender pode ser o pontapé inicial para o início de uma nova campanha de mobilização. “O aprender envolve leitura, linguagem poética, afeto e a relação de adulto e criança. As campanhas de início de sensibilização podem trazer todos esses temas envolvendo a contação de histórias para aprender a partir das nossas linguagens, além de esclarecer de que linguagem poética estamos falando, incentivar leituras e compreender que leituras as crianças fazem do mundo.”

Aline França, com passagem pelo núcleo de Araçoiaba/Sorocaba, pontuou que enxerga os pilares do ABCD Encantado hiperconectados, sem distinção entre as ações. É por isso que, em sua visão, é importante pensar em ações que promovam a conexão entre os diversos encantamentos da infância. 

“Eu não consigo ver o aprender sem o comer, sem o dormir ou sem o brincar. Acredito que ele é uma consequência dessas ações básicas e espero que a gente consiga retratá-lo nessa perspectiva que sai da questão do ensino, abordando a aprendizagem como um processo, quase uma consequência do que nós vivemos, porque uma criança que não come terá dificuldade de aprender, assim como alguém que não dorme e não brinca.”

“Explorar essa correlação dos eixos faz muito sentido porque é o nosso olhar da perspectiva integral da criança, observar como tudo se relaciona para proporcionar a infância plena”, completou Letícia. 

Próximos passos 

A equipe da Aliança pela Infância segue agora sistematizando o conhecimento gerado pelo o encontro e, em breve, neste espaço e em suas redes sociais, lançará a primeira Mobilização pelo Aprender Encantado na Infância. Fique de olho!

 

*Imagem: The Cryptonomist 

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