Semana Mundial do Brincar 2025 mobiliza o Brasil para proteger o encantamento das infâncias

13 de junho de 2025

Atividade da Semana Mundial do Brincar no Núcleo Aliança pela Infância de Serrano (RJ)

 

 

Neste ano, a SMB chegou a 230 cidades em todas as regiões do Brasil, com 898 atividades e um convite aberto para que todas e todos se reconectem com o brincar

De 24 de maio a 1º de junho, a Aliança pela Infância promoveu a Semana Mundial do Brincar 2025, com o tema “Proteger o Encantamento das Infâncias”. A mobilização alcançou todo o país, reunindo 549 inscrições e 898 atividades, um crescimento expressivo de cerca de 28% nas inscrições e 43% nas atividades em relação ao ano anterior.

 

Esta foi a 16ª edição da Semana Mundial do Brincar, sempre com ações gratuitas e abertas à comunidade. Como uma grande rede viva, a mobilização contou com voluntários, educadores, famílias, gestores públicos, coletivos, associações culturais, escolas, universidades e muitos outros defensores da infância. Prefeituras e instituições públicas também participaram ativamente, reforçando o compromisso coletivo com o desenvolvimento pleno e saudável das crianças.

 

Neste ano, o objetivo central da SMB foi promover um brincar democrático, seguro e afetuoso, que valorize a criatividade, a imaginação e o encantamento como partes essenciais da infância. Afinal, brincar é uma forma de experimentar a vida com alegria e curiosidade, e essa potência, muitas vezes, vai se apagando ao longo dos anos, sufocada pela rigidez e pelo conformismo da vida adulta.

 

A Semana Mundial do Brincar é, por isso, um gesto coletivo de resistência e cuidado, um lembrete de que o encantamento precisa ser cultivado — não apenas nas crianças, mas também em quem as acompanha.

 

Para Ana Rosa Picanço, educadora e pesquisadora da infância que participou do encontro preparatório para a SMB (link aqui), “o brincar é uma atitude ativa diante da vida”, uma forma de estar no mundo que deveria acompanhar o ser humano em todas as fases da existência.

 

Ela observa que, na vida adulta, a espontaneidade vai cedendo espaço às regras e moldes rígidos, sufocando nossa capacidade de risco e surpresa. “A gente vai se tornando adulto, vai ficando preso em regras, moldes, ideias prontas, e aquela capacidade de se arriscar, de se surpreender, vai ficando pequena, vai ficando meio morta.” E alerta: “Quando a criança não brinca, é sinal de que algo não vai bem.”

A educadora reforça que proteger o encantamento das infâncias é uma tarefa de toda a sociedade e isso exige a construção de espaços sensíveis, acolhedores e acessíveis, onde as crianças possam se reconhecer como seres criativos, potentes e belos.

 

Conte como foram as atividades realizadas por você na SMB 2025

Quem ensina a brincar?

Neste ano, a Semana Mundial do Brincar chegou a 230 cidades em todas as regiões do Brasil. As regiões com maior número de inscrições e atividades, em ordem decrescente, foram: Sudeste, Nordeste, Sul, Norte e Centro-Oeste. As ações, em sua imensa maioria presenciais, aconteceram em escolas, praças, bibliotecas, hospitais, universidades, ruas abertas e outros espaços que acolhem e protegem o brincar.

Além do Brasil, a organização terre des hommes Alemanha (tdh-A) também aconteceram atividades no Perú, Bolívia, Colômbia, México, Nicarágua, Guatemala, El Salvador, Argentina e Chile.

Brincadeiras tradicionais, oficinas, rodas de conversa, vivências artísticas e momentos de escuta e cuidado criaram ambientes onde a imaginação floresceu e os vínculos afetivos foram fortalecidos. O brincar livre se revelou, mais uma vez, como um campo fértil de autonomia, convivência intergeracional e expressão da vida.

A SMB também se consolidou como um convite para aprendermos com as crianças. Elas nos mostram, com simplicidade e coragem, que brincar é se arriscar, testar limites e se abrir para o novo.

Para o arte-educador e pesquisador Nélio Spréa, “brincar é se abrir para a vida, é permitir que a vida nos surpreenda”. Ele ressalta que brincar não é apenas um passatempo, mas uma necessidade vital. “Uma criança que não brinca está muito doente”, enfatiza.

 

O encantamento depende de direitos

A Semana Mundial do Brincar é realizada pela Aliança pela Infância anualmente, sempre em torno do Dia Mundial do Brincar, celebrado em 28 de maio desde 1999. E nos últimos tempos o brincar ganhou ainda mais reconhecimento: foi instituído o Dia Internacional do Brincar pela ONU, em 11 de junho de 2024, e o Dia Nacional do Brincar, pela Lei nº 15.145, de 9 de junho de 2025.

 

Essas datas reforçam o brincar como direito fundamental, mas, para que esse direito seja real, é preciso o engajamento de toda a sociedade. A pedagoga Lívia Melo, com experiência em políticas públicas e atuação em comunidades vulneráveis, nos lembra que muitas infâncias ainda são negadas no Brasil. Crianças negras e pobres muitas vezes crescem privadas da leveza e da liberdade que o brincar proporciona. Ela aponta para os efeitos persistentes do racismo estrutural e das desigualdades sociais que moldam infâncias marcadas pela dureza da vida.

 

O encantamento deve ser um direito de todas as crianças”, afirma Lívia. E a cura? Ela propõe: “Cultivar a coragem de brincar com a vida, mesmo diante das dores e limitações. Essa atitude é uma forma de resistência. O brincar é a gente se expor para a vida, é a gente se abrir para a vida, é a gente permitir que a vida surpreenda a gente. É uma rebeldia silenciosa contra o conformismo, contra a lógica que tenta nos aprisionar.”

 

Lívia conclui com a sabedoria da filosofia banto: “Todo ser humano é um sol vivo. Se o sol dentro da gente não estiver vivo, a gente está morto.” O brincar, nesse sentido, é luz que aquece, que desperta e que mantém esse sol aceso em cada criança.

Conte como foram as atividades realizadas por você na SMB 2025

Próxima parada: Semana da Infância e Cultura de Paz

Com o mesmo tema inspirador: “Proteger o Encantamento das Infâncias”, de 6 a 12 de outubro será realizada a Semana da Infância e Cultura de Paz. Mais uma oportunidade para refletir, brincar, conviver e reafirmar o compromisso com uma infância plena de respeito, beleza e paz. Para saber mais, acompanhe o site e as redes da Aliança pela Infância. 

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