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Comer

O fortalecimento da saúde em tempos de pandemia

4 de setembro de 2020

Nutricionista explica como a pandemia pode interferir nos hábitos alimentares de pais, jovens e crianças.

Nunca se falou tanto em saúde e fortalecimento do sistema imunológico para a prevenção não apenas em relação à Covid-19, como também de outras enfermidades que podem ocasionar a necessidade de ida ao hospital ou o agravamento de um quadro de infecção pela doença.

Sheila Travain, nutricionista especializada em dietas para doenças crônicas, oferece uma dica simples que pode ser incorporada por qualquer pessoa, independente de idade ou condição social. “Um hábito que irá beneficiar a saúde de forma geral e aumentar a imunidade é incluir frutas, verduras e legumes na alimentação diariamente”.

A profissional informa que, no Brasil, há uma grande oferta de frutas e legumes variados o ano todo, porém, os da época são mais acessíveis e interessantes para consumo. “Alimentos produzidos localmente e no período de safra apresentam menor preço, além de maior qualidade e mais sabor. Na hora da compra, procure os alimentos da época. Nos sites das centrais de abastecimento [como CEAGESP] é possível encontrar essas informações”, comenta.

Como orientar crianças e adolescentes a comerem melhor

Sobre a introdução de alimentos saudáveis na rotina de crianças e adolescentes, a especialista aponta que é interessante desenvolver o paladar desde a primeira infância, quando os pequenos deixam de mamar ou associam o leite materno com outros tipos de alimento. Sheila aponta que esse processo é construído para além da esfera nutricional. “Cheirar, tocar, experimentar diversos alimentos, com diferentes texturas e combinações, aumenta o interesse da criança e estimula uma relação tranquila com a comida”, observa.

A nutricionista também recomenda envolver as crianças e os adolescentes nas diferentes etapas de produção das refeições, seja em idas a feiras e supermercados ou na escolha do que gostariam de comer. “Conhecer frutas, legumes, cereais, como também ajudar na cozinha, com a supervisão dos cuidadores, entendendo essa ‘linguagem’ da cozinha e todo o processo de transformação dos alimentos são momentos que aumentam o repertório alimentar das crianças e jovens.”

A profissional ressalta ainda a importância de proporcionar um ambiente tranquilo na hora das refeições, onde as crianças possam saborear os ingredientes, sem a cobrança de ter que comer tudo que está no prato.

Transformação de hábitos na pandemia

Sheila lembra que as pessoas estão mais em casa e, portanto, passaram a cozinhar mais. “Esse é um passo importante quando falamos em melhorar a qualidade do que comemos. Uma alimentação baseada em alimentos in natura e minimamente processados requer escolha, pré-preparo, tempero, cozimento e combinação com outros alimentos. É desse preparo que depende o sabor, o aroma, as texturas e a aparência das refeições.”

Por outro lado, a nutricionista ressalva que esse contexto de pandemia predispõe as pessoas a comerem mesmo sem estarem com fome. “Para que isso não aconteça, vale tirar alguns minutos para respirar e prestar atenção nas sensações de fome e saciedade, além de evitar comer em pé ou direto da panela, pote, embalagem ou pacote”, explica.

Na hora da refeição, a especialista aconselha manter distância das telas. “Evite fazer outras coisas ao mesmo tempo, como ver TV, celular ou computador. Assim, conseguimos prestar mais atenção e saborear o alimentos”, reforça.

Alimentos milagrosos

Muito se fala em alimentos milagrosos, que curam ou previnem doenças. Sobre essa concepção, Sheila é categórica. “Não existe um único alimento que irá curar ou prevenir doenças. A combinação de alimentos nas refeições e o conjunto de refeições ao longo dos dias, semanas e meses caracteriza um padrão de consumo alimentar que pode prevenir alguns tipos de doenças.”

Sobre os estudos a respeito do tema, Sheila afirma: “O que temos de evidência, atualmente, é que o consumo de refeições baseadas em comida de verdade, aquela feita com alimentos in natura ou minimamente processados, de preferência de origem vegetal, são a base de uma alimentação balanceada, saborosa e apropriada para cada cultura”.

Sheila Travain é nutricionista e especialista em nutrição em doenças crônicas. Desenvolvedora de cursos nas áreas de alimentação saudável e sustentável, educação nutricional e prevenção de transtornos alimentares e obesidade.

Imagem: Jerzy Gorecki via Pixabay

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