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Espaços públicos em Rosário, na Argentina, incentivam desenvolvimento infantil a partir de convivência com o território

1 de fevereiro de 2018

Usar o território como espaço de aprendizagem é um dos pilares da educação integral, que preza pelo desenvolvimento das pessoas em suas inúmeras dimensões: física, social, emocional, intelectual e simbólica. Aprender fora do espaço escolar é extremamente benéfico para as crianças, afinal, as relações humanas se desenvolvem no cotidiano, nas ruas, nos lugares frequentados pelos indivíduos, nos arredores de onde moram e muitos outros espaços.

Rosário, na Argentina, considerada cidade educadora desde 1996, abraça em sua totalidade a ideia de educar no território com o “Tríptico da Infância”. Trata-se de um projeto da Secretaria Municipal de Cultura, que aposta em um novo modo de pensar a cidade a partir da pedagogia urbana, que incentiva e aprimora a relação entre desenvolvimento humano, território, educação e aprendizado.

O Tríptico consiste em três espaços: a “Granja da Infância”, o “Jardim das Crianças” e a “Ilha dos Inventos” e têm em comum a proposta de deixar a criança livre para explorar o ambiente, construir suas próprias narrativas e aprender com os objetos, construções e características de cada lugar.

A “Granja da Infância”, um espaço integral de ecologia social, propõe um passeio para que os pequenos possam ser parte da natureza e, a partir dessa exploração e de brincadeiras, descubram os processos naturais e seus sucessos, seus sonhos e visões de mundo. Esse território está subdividido em espaços como: o laboratório de curiosidades (com lupas e microscópios para explorar a geometria da natureza e descobrir seus aromas, texturas e cores invisíveis);  o “Fazer Nascer” (viveiro, horta orgânica e jardim de mariposas, que faz com que as crianças se sintam parte da natureza); o anfiteatro (ponto de encontro para debates, músicas, reuniões); o “Contos e Sussurros”, biblioteca que propõe “uma viagem infinita ao universo da literatura”, entre outros.

O “Jardim das Crianças”, por sua vez, é, segundo a própria Secretaria Municipal, um parque-homenagem à imaginação e à criação que não separa corpo e mente, nem pensamento de ação. O espaço traz jogos e brincadeiras que desafiam os sentidos, com aventuras, construções, poesias, operações lógicas e criativas e suas possibilidades corporais. Com espaços como “O território da Invenção”, que representa a vontade da humanidade de ir além de suas possibilidades com a construção de máquinas, o Jardim das Crianças prioriza a criatividade, a descoberta e a curiosidade humana com questões como o que é a vida, a morte, o tempo e o amor.

Chiqui Gonzalez, ministra de Inovação e Cultura de Santa Fé e co-idealizadora do Tríptico de la Infancia, segue o princípio do Jardim das Crianças e defende, em uma entrevista em vídeo do Portal Aprendiz, que é preciso parar de separar o conteúdo e a forma, o argumento e a narração, e as operações cognitivas das criativas. Segundo a ministra, atualmente, só ensina-se o conteúdo, e não o vínculo e o afeto que formam as pessoas. Além disso, Chiqui argumenta que a imaginação e criatividade são de extrema importância, pois o processo de aprendizagem, mesmo de matemática e ciências naturais, por exemplo, só acontece a partir de um processo criativo interno.

Por fim, a “Ilha dos Inventos” é um local de encontro para investigar, explorar e aprender com o cruzamento entre ciências, artes e tecnologias, a partir de desenhos, linguagens, meios e formatos diferentes.

Todas essas propostas unem-se na crença por trás do Tríptico. Segundo Chiqui, os espaços apostam e acreditam nas operações criativas e creem que as criativas são cognitivas, sendo necessário ensinar a síntese e a dedução, mas também a intuição e a capacidade de transformação. Segundo a especialista, é muito mais importante ensinar a operação do que o conteúdo, pois uma pessoa que saiba a estrutura de algo criativo, terá ferramentas para, no futuro, buscar informações em qualquer lugar.

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