Diversos pesquisadores e estudiosos já comprovaram a importância que a natureza tem no desenvolvimento das crianças. Entretanto, essa vivência em espaços abertos, onde os pequenos podem ficar livres e em contato com elementos naturais, é restrita: poucas são as áreas verdes e parques em grandes cidades como São Paulo. Para promover um maior contato com a natureza, nasceu a Escola da Toca.
Trata-se de uma escola experimental, criada em 2009, dentro do projeto Fazenda da Toca, uma propriedade de mais de dois mil hectares, localizada em Itirapina, a 200 km de São Paulo. A escola tem uma proposta pedagógica inovadora de promover o desenvolvimento usando a natureza e a alimentação como bases, focando na alfabetização ecológica.
Segundo Caroline dos Santos, professora da Escola da Toca, alfabetização ecológica é, a partir da compreensão da natureza e de como ela opera, trazer esse entendimento para a vida pessoal. Tendo a educação como uma ferramenta de transformação, uma das missões da escola é plantar, desde cedo, a semente da relação do homem com o ambiente natural.
Para que esse contato possa ser de fato uma experiência que possibilita o desenvolvimento integral das crianças é destinado um hectare inteiro para a escola. Dentro desse espaço, 40 alunos de 2 a 6 anos convivem sem divisão por idade, o que incentiva a convivência, a cooperação, resiliência, o pensar em grupo, a resolução de conflitos e muitos outras habilidades.
Os profissionais da organização acreditam na necessidade de usar o espaço escolar como um ambiente de desenvolvimento não só cognitivo, mas também dos aspectos intra e interpessoais e espirituais. Para proporcionar essas vivências, diversas atividades são oferecidas aos pequenos, como o momento de quintal livre, quando cada um explora o espaço livremente e os momentos de música, que trabalham o lado emocional, cognitivo, físico e técnico a partir do estímulo para sentir e ouvir a música e movimentar o corpo.
Programa Criança e Natureza
Os mesmos princípios da Escola da Toca também são norteadores do Criança e Natureza. Trata-se de um programa do Instituto Alana, criado com o objetivo de promover ações e estratégias que garantam que as crianças cresçam e se desenvolvam em contato direto com a natureza.
A importância da promoção a uma infância com acesso regular a espaços abertos justifica-se pelo mundo que acolhe as crianças hoje em dia: a maioria da população vive em grandes cidades, com poucas opções de áreas verdes, tráfego intenso de veículos e violência. Além disso, as escolas priorizam o desenvolvimento cognitivo em detrimento de atividades de movimento, enquanto que em casa, predomina a exposição à televisão, videogames e tecnologia.
Nesse sentido, o programa Criança e Natureza busca, por meio de ações como o GPS da Natureza – ferramenta que possibilita a busca por locais verdes ou de atividades ao ar livre -, divulgar os benefícios que essa conexão traz para a saúde. Estímulo aos sentidos, aprendizado mais ativo, momentos de concentração, atividade física, redução da violência e desenvolvimento integral da criança são só alguns dos pontos positivos em promover brincadeiras ao ar livre.
Além disso, o programa também promove a realização de pesquisas, entrevistas e produção de conteúdos sobre a relação da criança com a ambiente natural. O Alana foi responsável, por exemplo, por traduzir para o português o livro “A última criança na natureza”, do jornalista e fundador do Movimento Criança e Natureza, Richard Louv. Com propostas e ideias simples, a publicação, que traz a mensagem “A saúde da criança e a saúde do planeta são inseparáveis”, já foi traduzida para 15 idiomas.
A relação da criança com o brincar, com o seu próprio corpo, com ocupações e movimentações, incluindo as relações com natureza, são temas que devem aparecer durante a Semana Mundial do Brincar 2018. Você pode conferir mais detalhes neste link.
