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Educação Infantil marca presença nas atividades da Semana Mundial do Brincar 2018

13 de junho de 2018

Com uma programação extensa, que se espalhou de Norte a Sul do Brasil e até em alguns países vizinhos, a Semana Mundial do Brincar (SMB) foi um sucesso. Com atividades gratuitas em escolas públicas e privadas, museus, parques, praças, centros de convivência e outros locais, a promoção do brincar livre realmente mobilizou desde crianças até idosos.

Isso porque as ações, promovidas por Núcleos da Aliança pela Infância espalhados pelo território nacional, por prefeituras, Secretarias de Educação, grupos independentes, organizações da sociedade civil, redes de pais e mães, entre outros, envolveram desde a Educação Infantil, passando pelo Ensino Fundamental, pelo Ensino Superior com estudantes de cursos como Pedagogia, Educação Física e Psicologia, até adultos engajados com o tema.

Só para ter uma ideia, foram tantas inscrições de atividades que, na programação geral, mais de 100 EMEIS (Escola Municipal de Educação Infantil), CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) e creches realizaram ações entre os dias 20 e 28 de maio. Com o tema “Brincar de corpo e alma”, as atividades foram variadas, mas giraram em torno de um propósito em comum: possibilitar que as crianças escolhessem suas atividades e fugissem das brincadeiras comuns. 

Aprovação da lei ajuda articulação

Curitiba marcou presença com a inscrição de inúmeros CMEI. Andrea Siewerdt, uma das coordenadoras do Núcleo da Aliança pela Infância em Curitiba, explica que a aprovação da lei pela Câmara Municipal, que inclui a Semana Mundial do Brincar no calendário de atividades da capital, ajudou a mobilizar pessoas que já estavam preocupadas e atentas à questão do brincar na Educação Infantil, uma vez que Curitiba já participou de edições anteriores da SMB.

“É uma grande emoção perceber que há adultos mobilizados para a causa do brincar. Eu participei da votação da Lei e fiquei bastante emocionada de ver os vereadores parabenizando essa iniciativa, trazendo vivências da própria infância e falando dos netos. Foi muito importante perceber o quanto a Lei foi acolhida e ver que, quando trazemos esse assunto, as pessoas ficam mobilizadas junto com a gente, é algo que envolve, e não é um assunto que passa de uma maneira corriqueira”, ressalta Andrea.

Muitas ações durante toda a SMB envolveram resgate de brincadeiras antigas, como bola de gude, pular corda, pião, entre outras. Algumas delas aconteceram no vão do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. O fato de crianças ocuparem esse local ressignificou e deu outra cara ao espaço.

“Quem conhece o museu, sabe que normalmente tem esse caráter um pouco mais sóbrio, não tem muitos espaços para brincar. Com essa parceria, conseguimos levar as crianças e elas puderam circular livremente. Teve oficina de boneca, de catavento, vários brinquedos foram instalados, nós fizemos rodas de conversa sobre o brincar e muitas outras ações”.

Engana-se, entretanto, quem pensa que as ações foram exclusivas para os pequenos. Pais, mães, responsáveis, professores e professoras também tiveram a oportunidade de relembrar e reviver a emoção que é participar de uma brincadeira. “Os adultos participaram bastante das atividades. No museu, inclusive, tinha adulto pulando corda, participando das oficinas, confeccionando coisas junto com as crianças”.

A grande mobilização serviu para incentivar ainda mais a vontade de articular atividades e novas ações em prol do brincar livre. “Eu ouvi várias iniciativas dizendo que a vontade é fazer pelo menos um dia do brincar todo mês. Foi muito bom compartilhar essa vivência. As pessoas sentiram vontade de refazer esses trabalhos durante o ano todo”.

Leticia Zero, coordenadora da secretaria-executiva da Aliança pela Infância, destaca que as ações e atividades realizadas durante SMB despertam naturalmente esse encantamento pelo brincar livre e a sua importância. “As iniciativas mostram o quanto esse brincar é fundamental ao desenvolvimento das crianças e à criação de si mesmos, por isso devem, sim, estar nesses locais em que as investigações genuínas das crianças têm sido negligenciadas”.

Novas participações

Além das localidades que já participaram da Semana Mundial do Brincar, a edição de 2018 contou com o primeiro engajamento de inúmeros municípios, como Guaratinguetá, Roseira e Lorena, da parte histórica do Vale do Paraíba.

Angelina Moreno, coordenadora da Educação Infantil da Secretaria de Educação de Guaratinguetá, explica que a articulação no município começou com o contato de Lila Vanzella, professora engajada com a causa do brincar. Ela foi a responsável por sensibilizar inicialmente a equipe gestora da Secretaria de Educação de Guaratinguetá, que abraçou a realização da SMB.

Rose Crepaldi, conselheira da Aliança pela Infância, realizou um encontro de formação para a Secretaria, enquanto Lila foi a facilitadora de quatro reuniões de formação das professoras, com a explicação da missão e objetivos tanto da Aliança pela Infância quanto da SMB.  

Segundo Angelina, em um balanço posterior das ações realizadas, destacaram-se as brincadeiras ao ar livre, a diversificação de atividades e o envolvimento de pais, mães e responsáveis. “Houve muito envolvimento de forma geral. Teve creche que fez camisetas e bótons para divulgar a Semana. Nós recebemos um convite mais lindo do que o outro. Mas o mais bonito foi envolver as famílias e ouvir seus relatos das brincadeiras”.

Além disso, a coordenadora destaca que o brincar já está na rotina da educação infantil de acordo com a diretriz da Secretaria de Educação. “As atividades foram muito bacanas por conta da sensibilização e pelo olhar do brincar livre, tudo isso envolvendo os pais, outros profissionais dentro da escola que não os professores. Foi um momento de reflexão e sensibilização que não pode morrer na Semana. Temos que dar continuidade, fomentar isso entre as famílias, até o final do ano, no ano que vem e por aí vai”.

Articulação

A grande responsável por essa manobra de articulação, Lila Vanzella, defende que o fato de já ter o tema da SMB definido no começo do ano ajudou muito na articulação e na conversa com as Secretarias de Educação. “Para Guaratinguetá, nós explicamos o que é a Aliança pela Infância e a Semana Mundial. Imediatamente a Secretaria topou participar e ter um tema definido já em janeiro ajudou muito na organização do calendário, com as formações para gestores e professores”. 

Depois de encontros de formação com gestores, coordenadores, diretores e professores, grande parte das escolas da rede municipal reservaram horários em suas reuniões para o planejamento das ações. “Enquanto os professores e gestores se organizavam, eu ia alimentando via Facebook com o compartilhamento de matérias da Aliança, de palestras do YouTube, de matérias das edições anteriores da SMB”.

Entre tudo o que foi realizado em Guaratinguetá, Lila destaca a ação da creche conveniada Chico Xavier, que levou crianças de dois a quatro anos para realizar atividades dentro de um asilo. “As professoras tinham pensado em usar música, mas o que despertou a troca entre os alunos e os idosos foram pinturas, massinhas de modelar e brinquedos de montar. Foi lindo porque os velhinhos pintavam o rosto das crianças e as crianças pintavam de volta. Teve uma cena totalmente silenciosa que foi muito bonita. A criança pegou o pincel e começou a pintar, e o velhinho pegou o pincel dele e continuou o traço da criança. A assistente social disse que eles não pararam de sorrir um minuto”.

Roseira e Mogi das Cruzes: primeira articulação

Com pouco mais de 10 mil habitantes, Roseira também participou pela primeira vez da Semana Mundial do Brincar. A proximidade de Guaratinguetá ajudou na articulação, possibilitando que o município se engajasse na ação. “O pessoal de Guaratinguetá passou o nosso contato para a Lila Vanzella. A partir disso, participamos de encontros de formação em Guaratinguetá, em Lorena e em Roseira também”, explicou Grasiele de Melo, coordenadora da Educação Infantil da Secretaria de Educação de Roseira.

Todas as escolas da rede municipal desenvolveram ações durante a Semana, e essas foram divididas de acordo com a faixa etária dos estudantes. Muitas das atividades envolveram o resgate de brincadeiras tradicionais. A partir disso, foram elaboradas vivências e oficinas, como oficina de bolinha de sabão, de peteca e de construção de brinquedos.

“Os pais foram convidados para participar das atividades, que aconteceram dentro da escola. Para as crianças de cinco e seis anos, por exemplo, houve um resgate de brincadeiras como pular corda, amarelinha, cinco marias, pega-pega e esconde-esconde, tudo valorizando a movimentação do corpo”, disse Grasiele.

Segundo a coordenadora, esse movimento de realizar oficinas de criação de brinquedos dá uma margem maior à criação e incentiva a imaginação e criatividade das crianças. “Brinquedos estruturados são limitados de certa forma. Um tecido, por exemplo, pode ser uma boneca, uma bandeira e muitas outras coisas”.

Grasiele avalia que a participação na Semana Mundial do Brincar serviu para reforçar as ações que já estão sendo realizadas por Roseira de valorização do brincar. “Brincar não é uma perda de tempo, e sim um ganho para a formação do ser humano. Foi muito importante as formações com a Lila Vanzella, uma pessoa que entende tanto da área do brincar, pois isso reforça o que estamos fazendo. A nossa meta é que as crianças brinquem diariamente e que isso seja valorizado. A Aliança pela Infância foi uma aliada nesse sentido de reforçar o nosso trabalho aqui em Roseira”, defendeu Grasiele.  

Mogi das Cruzes também integrou pela primeira vez a lista de atividades da Semana Mundial do Brincar. Andrea Cristina Garcia, da equipe técnica e responsável pela Educação Infantil da Secretaria de Educação de Mogi das Cruzes, conta que o acompanhamento do trabalho da Aliança pela Infância possibilitou que o município participasse da SMB neste ano.

“A Secretaria de Educação sempre acompanhou o trabalho da Aliança e nós fazíamos ações pontuais aqui na cidade. No começo do ano, entrei em contato com a Letícia Zero, que me enviou a carta convite para participar da Semana e eu encaminhei para o prefeito. Depois de ter feito nosso cadastro como núcleo, estamos trabalhando para inserir esse brincar mais efetivo nas escolas”, explica Andrea. 

Segundo ela, foram cerca de 15 mil alunos participantes das ações, que aconteceram tanto nas escolas municipais quando em colégios da rede subvencionada. Além disso, a Secretaria foi responsável por organizar uma atividade no Parque Centenário, que contou com o apoio e monitoria dos alunos de Educação Física da Faculdade Clube Náutico Mogiano.  

“Foi uma manhã de brincadeiras no parque. As crianças brincaram com os avós e com os pais. Mesmo as pessoas que estavam caminhando pararam para brincar de roda. Nós fizemos várias estações: teve slackline, brincadeira de roda, corda, circuito. Não foi nada direcionado, a pessoa sentia vontade e podia entrar onde queria. E nós queremos repetir essa ação, de levar o brincar para o parque mesmo, para que não seja algo somente durante a SMB”.

Além disso, Andrea destaca que essa primeira participação do município serviu para que inúmeros atores, inclusive as escolas, tivessem uma nova compreensão sobre o brincar. “Eu trabalho há 26 anos com Educação Infantil e percebi a necessidade que as escolas tinham de desmistificar um pouco o brincar direcionado, brincar de amarelinha só pra aprender matemática. Quando chegou o tema do “Vem brincar de corpo e alma”, nós abraçamos a causa. Nós queremos instituir o brincar como regra, deixando a criança socializar e vivenciar o jogo simbólico, que é tão importante mas acaba sendo muito mecânico”.

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