12 ideias para inspirar o brincar livre

21 de julho de 2022

Ao brincar com liberdade, sem tantos direcionamentos ou propósitos definidos, a criança exerce sua autonomia, liberdade, pensamento criativo e participação cidadã

Férias! Para alguns, a época mais esperada do ano. Para outros, dias e mais dias de tédio. Mas, será que o tédio é algo ruim?

Walter Benjamin chama o tédio de um “pássaro onírico que choca o ovo da experiência”. É nesse território da ausência de estímulos, de pedidos e de demandas que acontece o brincar livre, uma prática social fundamental não só para o desenvolvimento saudável de cada criança, mas de toda a sociedade.

Ao brincar sem direcionamento ou interferência dos adultos, a criança exerce sua autonomia, inventa, questiona, descobre e cria. É a sementinha do autoconhecimento, do pensamento crítico, criativo e da participação cidadã.

Mas, como abraçar o tédio tão comum entre a criançada nessa época do ano? O movimento Aliança Pela Infância reuniu algumas das mais de 500 propostas criadas durante a 13ª Semana Mundial do Brincar, realizada em praças, escolas, parques e bibliotecas de todo o Brasil entre os dias 21 e 29 de maio.

A ideia desse apanhado de dicas não é se prender a regras e formatos, mas sim pensar nas brincadeiras como fagulhas para a auto expressão das crianças. São propostas que ajudam adultos a criarem espaços seguros para o livre brincar e nos inspiram a levar a vida de um modo brincante o ano todo.

 

1 – Criando espaços brincantes

A grande maioria dos cuidadores precisa se dividir entre o cuidado com os pequenos e o trabalho dentro e fora de casa. Sabemos que a carga de tarefas é pesada e, nestes casos, uma dica pode ser a criação de espaços brincantes. Em Belo Horizonte (MG), o Coletivo Geral Infâncias organizou um “brincaço” na Ocupação Dandara. 

Dá para começar encontrando algum espaço da casa e afastar móveis e objetos que possam machucar. A ideia é criar um contexto seguro e convidativo para as crianças explorarem. Vale deixar os brinquedos de lado e dispor no espaços alguns utensílios domésticos, como colher, potes e peneiras, eletrônicos que seriam descartados, conchas, pedrinhas, tecidos… 

Em João Pessoa (PE), o grupo Oficina de Literatura para Crianças da ABPP (Associação Brasileira de Psicopedagogia Núcleo Paraíba) convidou as crianças a criarem brincadeiras que privilegiam o brincar livre, sem a utilização de brinquedos. O Joaquim, 10 anos, escolheu um tecido para mostrar como se brinca de cabra cega, você pode dar uma olhada no vídeo clicando aqui

Os adultos podem brincar um tempo junto, puxar algum objeto para instigar a curiosidade dos pequenos, mas é interessante deixar a brincadeira se desenrolar livremente, com os pequenos orientando suas próprias ações. 

2 – Cestos dos tesouros 

No caso dos bebês, uma ótima ideia é criar o cesto dos tesouros. Essa é uma brincadeira exploratória, na qual os bebês manipulam e experimentam texturas e ações a partir de objetos não estruturados. 

Os materiais podem ser comprados, confeccionados ou colhidos da natureza e devem oferecer estímulos sensoriais diversificados (tato, olfato, paladar, audição, visão e movimento corporal)”, explica a educadora Marcela Chanan em um artigo do blog Cultura Infantil. 

3 – Brincar junto à natureza: mãos na terra

Na CMEI Maria Alcione Malaquias Barreto, em Xique Xique (BA), os 4 elementos foram os fios condutores das brincadeiras. Em um dia, rolou o plantio de mudas, com a criançada colocando as mãos na terra. Diversas cidades contam com órgãos públicos que oferecem mudas gratuitas ou a preços acessíveis. Vale levar as crianças para acompanharem todo esse processo!

4 – Brincar junto à natureza: histórias e comidas ao redor do  fogo

No caso do elemento fogo, uma ideia interessante para quem mora em casa é acender uma fogueira juntos, contar histórias e assar milho. 

5 – Brincar junto à natureza: fluir das águas

Já o elemento água pode ser o fio condutor de brincadeiras com frascos de conta gotas, funil e bacias. Nestes momentos, vale a pena observar o que mais desperta o interesse das crianças e, a partir disso, pensar em outras experiências brincantes. Além de divertido, essa escuta vai criando laços e boas memórias. 

6 – Brincadeiras juninas

Aproveitando o tempo de festanças juninas e julinas, uma boa dica é fazer um arraiá em casa. A festa pode começar na cozinha, preparando juntinhos alguns quitutes como paçoca, pipoca e milho verde. 

Seja no quintal ou na sala do apartamento, vocês podem criar cantinhos de pescaria, bingo, ovo na colher ou até corrida do saco, como o pessoal da escola Escola Municipal Elízio Ramirez Vieira, em Campo Grande (MS). 

O mais divertido desses momentos é que as crianças vão inventando novas regras, dinâmicas e funções para as brincadeiras e os objetos. Não é à toa que a infância é inspiração para todos os seres humanos. Como consta na Carta de Princípios do movimento Aliança pela Infância, “o humano precisa se embeber da infância para se humanizar”.

 

7 – Brincar com luzes 

No SESC Itaquera, em São Paulo (SP), rolou uma oficina de confecção de lanternas de papel. Com o objeto, as crianças puderam resolver desafios que o escuro apresenta, mas de um jeito diferente de simplesmente acender as luzes. A brincadeira é ótima para dar asas à imaginação. Também é possível fazer teatro e contar histórias com a luz e a sombra. 

8 – Telefone sem fio 

Em Catanduva, os educadores do SESC reinventaram uma brincadeira que atravessa gerações e pode ser feita em qualquer lugar e a qualquer momento. No “Desenho Sem Fio” o primeiro participante “desenha” com o dedo indicador nas costas do amigo a imagem que recebeu impressa numa folha, ou uma imagem qualquer, a fim de transmiti-la adiante. 

A mensagem deve chegar o mais próximo possível do desenho inicial ao final da fila. O último participante deverá desenhar em uma folha de papel a imagem que chegou até ele. Quando isto acontecer, será a hora de comparar o desenho que foi entregue ao primeiro participante com o que foi feito pelo último. 

9 – Brincar pela cidade: bolha de sabão gigante

Diversas ações pelo Brasil levaram o brincar a espaços públicos das cidades. Foi o caso da Escola Neneca, que convidou crianças de 0 a 120 anos para brincar juntos na Praça Mafalda Veríssimo, em Porto Alegre (RS). 

A praça foi dividida em estações do brincar, com diversas formas tradicionais ou inovadoras de colocar o corpo, a mente e a criatividade e ação. Uma estação interessante para levar às praças é a bolha de sabão gigante. Com espaço para correr essa brincadeira fica mais divertida ainda. 

10 – Brincar pela cidade: cabaninhas

Sabe aquele lençol que já está bem velhinho? É o brinquedo perfeito para levar a praças, parques ou até mesmo na sala de casa. Dá para pendurar em árvores, cadeiras, criar túneis… Tanto para bebês quanto para crianças maiores, os tecidos provocam nas crianças o saber através do corpo, sendo uma caixinha de surpresa de ideias

11 – Brincar pela cidade: caixa de papelão

Um utensílio simples e mágico: caixas de papelão. Nas pracinhas elas podem ser a estrutura de cabanas, pista de carros, cama de boneca. Se tiver algum espaço com desnível, é obrigatório brincar de escorregar! O frio na barriga e gargalhadas estão garantidos. 

12 – Brincar pela cidade: elástico

Quem aí se lembra como pular elástico? Diversos vídeos no youtube mostram as cantigas e os passinhos desse jogo. O interessante de levar essa brincadeira para espaços públicos é que mais e mais gente costuma se reunir e brincar junto. 

Quem passa nota que ali está acontecendo algo de maior grandeza, conta a pesquisadora do Brincar Livre junto ao coletivo Território do Brincar e professora na Eefe e FE – USP, Soraia Chung Saura. “O brincar e a cena lúdica humanizam a rua, humanizam os espaços. E isso nos irmana, nos une, nos humaniza”, conta.

Acompanha a Aliança Pela Infância e relate sua experiência

Para seguir brincando, você pode acompanhar os materiais que a Aliança Pela Infância tem compartilhado no Instagram (@aliançapelainfancia). Também queremos saber como foi a experiência de quem participou da 13ª Semana Mundial do Brincar. Se você fez parte desse movimento, deixei seu relato aqui. 

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